Arrisco um prognóstico: a próxima marca pioneira no mundo do futebol será aquela que libertar o clube parceiro da obrigação incômoda de poluir o próprio uniforme com quaisquer elementos que não sejam o distintivo do time, o nome e o número do jogador.
Transformar um manto tradicional em panfleto de supermercado não deveria, convenhamos, dar moral a empresa nenhuma. O grupo ou produto que quiser estar associado ao resgate da pureza de nossos queridos escudos e clubes, além de ostentar esse ato de libertação heroico junto a todas as torcidas, vai poder anunciar sua façanha de diversas outras formas: nos painéis de entrevistas, nas placas ao redor do gramado, nos uniformes de treino, nos materiais institucionais de cada agremiação… Se essa orgia propagandística imposta ao maior símbolo dos clubes fosse mesmo indispensável à sustentação do futebol, a indústria esportiva mais lucrativa do planeta não seria a NBA, que vende seus artigos “limpos” de baciada mundo afora.
Até lá, vamos penando para identificar nossos times do coração nas camisas dos atletas, em meio a uma verdadeira seção de (Des)Classificados, com Amendoim João Ponês, Caninha Curió, Capiloton, Cuecaria Rufus e, por que não? Shirley Massagem Tântrica e Prostática.